Edição POP Escolas 2016

O primeiro Programa de Orçamento Participativo Escolar da Penha de França - POP Escolas, promovido pela Junta de Freguesia, envolveu cerca de 600 crianças, de 26 turmas do 4.º ao 10.º ano, que debateram propostas e depois as votaram, escolhendo vencedores. Todos os projetos já foram concretizados. Conheça-os mais a fundo.

 

1.º ciclo

Rita Reis

Parque Infantil na Escola Ator Vale

 

Rita Reis representa o 1.º ciclo de ensino: frequentou no passado ano letivo o 4.º ano na Escola Actor Vale e lutou por um novo parque infantil na sua escola.

A Rita conta que apresentou uma proposta que até só recebeu um voto. Propunha melhorar as casas-de-banho, que na sua opinião precisam de um jeitinho… Depois transferiu o seu voto para uma outra ideia, que pretendia “fazer uma ligação com luz para a Biblioteca da Escola”. Mas havia um problema: “Passava dos mil euros, portanto foi rejeitada”.

E com muita simplicidade, dá uma lição de saber perder em democracia: “É uma pena, mas as regras são mesmo assim, senão não tínhamos possibilidade de participar em nada. A proposta com mais votos a seguir a essa foi a de um novo parque infantil, que não era a minha, mas eu achei muito boa ideia”.

Foi deste modo que foi eleita como a melhor pessoa para defender a proposta vencedora, porque tem muita facilidade em explicar o que pensa. E as coisas correram bem, porque a verdade é que levou a sua avante!

“Fiquei muito contente com a proposta vencedora, porque o parque infantil vai ser muito importante. Nós achamos que esta escola tem poucas coisas para os alunos brincarem no recreio. Um escorrega, baloiços, aqueles brinquedos que não sabemos o nome mas que dá para balançar, podiam ficar giros… Depois há uma coisa engraçada: quando os mais velhos estão nas aulas, os meninos da pré podem aproveitar”, conta Rita, entusiasmada.

E os alunos vão ter cuidado com o novo parque infantil? Responde que “é preciso regras para não estragar as coisas logo à primeira”, sugerindo que talvez seja melhor não irem “para lá todos ao mesmo tempo”.

Quanto ao POP Escolas, acha que “foi uma ideia fixe da Junta de Freguesia porque assim podemos escolher as coisas que fazem muita falta à nossa escola”. Apesar de Rita já estar noutra escola, no 2.º ciclo, diz que acha “bem na mesma porque fazia falta”.

 

2.º ciclo

Margarida Xavier e Inês Simões

Robots para a Escola Nuno Gonçalves

 

Margarida Xavier e Inês Simões representam um pequeno grupo de alunas com uma proposta tecnológica para a Escola Nuno Gonçalves: a aquisição de pequenos robôs escolares que vão ajudar na Matemática e não só.

A história começou na Biblioteca da Penha de França, onde as alunas –que no ano letivo passado andavam no 6.º ano– participaram numa atividade com os tais robôs. O sucesso foi tanto que a turma se entusiasmou com a possibilidade de adquirir esses aparelhos para a sua escola e, apesar de ter sido dada a oportunidade a outras ideias de irem a votos, foi mesmo aprovada por unanimidade.

Margarida explica-nos que “são uns robôs pequeninos, azuis, com rodas, que fazem diversas coisas, como produzir e gravar sons, desenhar formas geométricas, ajudar-nos na Matemática ou noutras disciplinas, dependendo da programação. Se as professoras quiserem podem utilizá-los para dar as aulas!”.

Inês acrescenta que a programação é feita através de um tablet, com uma aplicação específica. Na sua opinião, “é bom para os alunos terem contacto com a tecnologia e entusiasmarem-se de outra maneira dentro da sala de aula”.

As duas amigas não têm dúvidas de que a novidade da sua proposta e a qualidade da apresentação aos colegas fizeram a diferença: “A nossa apresentação foi a mais diferente, mais atrativa. Isso acabou por conquistar os nossos colegas”, conta Margarida. “Até demos um exemplo do que os robôs sabiam fazer, que foram as formas geométricas e os sons. As pessoas nunca os tinham visto e isso ganhou às propostas que foram só lidas”, esclarece Inês.

Além de contentes por terem conseguido o financiamento da Junta de Freguesia para os robôs, as jovens conseguiram também que a própria Escola se empenhasse na aquisição dos tablets necessários para os pôr a funcionar. Sentem-se orgulhosas “porque é uma mais-valia para todos os alunos e a ideia é que os robôs possam ser requisitados por todas as escolas do Agrupamento”.

 

3.º ciclo

Francisco Domingues

Recuperação do campo de futebol na Escola Patrício Prazeres

 

Aos 14 anos, a maior paixão de Francisco Domingues é pelo esférico: adora jogar à bola, e até o faz ao nível federado no Sport Lisboa e Benfica. A sua proposta para a Escola Patrício Prazeres só podia passar pelo campo de futebol!

Frequenta esta escola há nove anos e sempre achou que o campo exterior de futebol estava degradado e podia ser melhor utilizado. Afinal de contas, são muitos os alunos da escola que gostam deste desporto e que lhe dariam mais uso…

Agarrou a oportunidade do POP Escolas – que considera “uma boa iniciativa para darmos as nossas ideias” – e propôs a recuperação do campo, conquistando desde cedo o apoio dos seus colegas.

O Francisco explica o processo da seguinte forma: “Fiz um power point com a minha ideia, entreguei-o à diretora de turma, que me ajudou em algumas coisas. Depois tive de a explicar aos delegados de turma, que apresentaram a minha ideia nas assembleias. Mostrei bem o que queria e elas até ficaram surpreendidas com a votação, por a nossa ideia ter ganho”.

O projeto passava por colocar balizas novas e melhoramentos no piso, na vedação e nas bancadas. “Gostava de ter madeira, mas depois incha sempre que chover, portanto não é boa ideia. Seja como for, o cimento é duro e corremos alguns riscos ao jogar lá que podíamos não correr se fosse um piso mais macio”.

Depois da timidez inicial, o nosso amigo já se deixou entusiasmar pela perspetiva de um novo campo para dar uns toques na bola e acrescenta: “Estou numa turma onde todos gostam muito de jogar à bola. Este projeto acabou por ser não só meu, mas de um grupo de amigos. No fundo, ninguém gosta de rematar à baliza e a barra levantar, ter de ir buscar a bola muito longe, ou coisas desse género. Dá muito mais ‘pica’ estar tudo arranjado, até nos aplicamos mais”.

Em jeito de preparação para a próxima edição do POP Escolas, Francisco incentiva os seus colegas à participação: “Deem as vossas ideias, não tenham vergonha, senão não vão conseguir concretizar as coisas que gostavam”!

 

Ensino Secundárioo

Francisco Correia

Skate park para a Escola Artística António Arroio

 

Na Escola Artística António Arroio, os alunos ganharam um skate park graças ao POP Escolas e à proposta de Francisco Correia e Ivo Silva. Queriam um aparelho, ganharam três!

Falamos com Francisco Correia, que frequentava no passado ano letivo o 10.º ano do curso de Design e Comunicação da Escola Artística António Arroio. “A ideia surgiu da minha cabeça e de um amigo meu, o Ivo, que até anda mais de skate do que eu. Começámos a falar e percebemos que podíamos agarrar nesta oportunidade do POP Escolas para arranjar uma solução que desse para toda a escola. Há aqui muita gente que gosta de skate, normalmente esta parede aqui atrás costuma estar cheia de skates encostados”.

E não é só: o passeio em frente ao portão da Escola, a que os alunos chamam ‘ilha’, servia de base para as acrobacias dos alunos, mesmo entre os peões, e “era uma confusão”, resume o Francisco.

A ideia original era ter um half pipe, mas o jovem pensa que o resultado final foi ainda melhor, porque acabou por trazer mais aparelhos ao espaço dentro da escola: meio half pipe, um curb e uma rampa. Tudo conceitos que serão bem mais familiares aos praticantes…

“Para ter uma ideia, agora todos os dias há mais de 15/20 skaters aqui na Escola”, orgulha-se Francisco, notando que a colocação dos aparelhos acabou por ser um incentivo a andar de skate com maior segurança e dentro da escola. “O único skate park que temos aqui ao pé fica no Bairro Horizonte, temos de descer, depois subir e os intervalos são pequenos. Os alunos assim passam mais tempo aqui na escola, menos na rua”.

“O POP Escolas é uma excelente ideia”, resume o jovem de 16 anos. “Estão a dar-nos uma oportunidade a nós, alunos, de termos uma ideia e um orçamento para mudarmos algo e acrescentarmos algo de melhor à nossa escola. Afinal de contas também sabemos avaliar as necessidades!”.